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 | 04/08/2008 08h11min

Militares debaterão "passado terrorista" de petistas

Indenizações a quem participou da luta armada irritam a categoria

Os militares decidiram dar o troco ao ministro da Justiça, Tarso Genro, por causa da audiência pública convocada por ele na semana passada para debater a punição de "agentes do Estado" que tenham praticado tortura, assassinatos e violações dos direitos humanos durante o regime militar. Revoltados com o que consideram "conduta revanchista" do ministro, oficiais da reserva, com o apoio de comandantes da ativa, patrocinarão uma espécie de anti-seminário no Clube Militar do Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira.

Um general da ativa que acompanha a movimentação dos colegas reformados disse que os militares se manterão calados, mas avisou que a reserva se manifestará. Segundo esse general, o objetivo do seminário de 7 de agosto é debater o que consideram "passado terrorista" de autoridades do governo Lula e de personalidades do PT, discutindo, inclusive, se não seria o caso de puni-los pelos excessos cometidos na luta armada.

O que mais irrita oficiais das três forças é o fato de a maioria dos integrantes do governo que participaram de luta armada na época do regime militar ter recebido indenizações. A queixa geral é de que eles também mataram e seqüestraram, e agora querem provocar os militares. No seminário, uma das idéias é aproveitar a estrutura do Clube Militar, como agremiação que desde a República Velha vem funcionando como uma espécie de porta-voz do setor, para exibir uma série de slides com fotos e uma biografia resumida de ministros de Estado e petistas ilustres.

A lista começa pelo ex-ministro José Dirceu, e tem o próprio Tarso em quinto lugar. O segundo posto é dado à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O ministro da Comunicação, Franklin Martins, aparece em quarto, logo atrás do deputado José Genoino (PT-SP). Mais atrás, estão os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.

— Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável? — questionou o presidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Barbosa de Figueiredo, que não mencionou Martins como um dos idealizadores do seqüestro, mas antecipou o tom do seminário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado
 
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